segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Sobrevoando a linha do tempo

Viva intensamente, seja errando ou acertando, viva.


Na semana passada o país conheceu a linda e trágica história de amor de dois jovens no auge de suas paixões - novos, cheios de amor e vida, tiveram seus sonhos interrompidos. Ele, jovem piloto, surpreendeu a namorada durante um voo pedindo assim a futura esposa em casamento através de faixas que os parentes seguravam em solo durante uma tarde que deveria ser normal de passeio aéreo. O apaixonado jovem fez o registro através de uma câmera escondida no avião e poucos dias antes do trágico acidente que o separou da futura esposa, ele compartilhou nas redes sociais seu amor pela jovem pedagoga catarinense. O que ele não esperava era que dias depois, este mesmo video realmente fosse visto por boa parte da população do país, mas sob olhares de tristeza.

Assista o video em
http://www.youtube.com/watch?v=Xd0_tmwaUsw

Mas o que me levou hoje a escrever esta história que não partiu apenas os corações de amigos, familiares e da noiva deste jovem rapaz? Na verdade, sendo ou não, estando ou não apaixonados, ao longo de nossas vidas nos deparamos diariamente com situações que nos permite refletir sobre nossas missões aqui na terra. Por diversas vezes nos apaixonamos, nos encantamos, construímos amizades, desfazemos laços e fortalecemos outros. Os sentimentos são mutáveis, mas não deveriam ser descartáveis - pelo menos assim desejamos.

Mas será mesmo que estamos fazendo as coisas da melhor maneira? Estamos compartilhando o que sentimentos na vida real na mesma velocidade que publicamos na nossa linha do tempo no Facebook? As relações estão virando na base da tecnologia: a carta já foi substituída pelo sms, o sms já foi substituído pelo whatssapp e agora se não bastasse, ainda temos o aplicativo que manda fotos instantâneas e apaga depois de dez segundos. Assim, a impessoalidade vem avançando como "tsunami" em nossas vidas: devastando muitos sentimentos e simplificando tantos outros.

E diante esse turbilhão de novos pensamentos que surgem e se apresentam no meu cotidiano, outra coisa me fez refletir muito esta semana: um jovem conhecido em determinado meio, faleceu. Na medida que a informação da sua morte ia se espalhando pela Internet, centenas de amigos iam até a página principal do perfil do rapaz no Facebook expressar diversos sentimentos. Masoquista ou não, li vários, pra não dizer todos os recados. Em meio a dor, inconformidade, tristeza, li atenciosamente cada palavra, cada trecho e mesmo não conhecendo o rapaz percebi o quanto ele era amado, idolatrado e admirado pelas pessoas que o cercavam. Será que ele também tinha essa consciência no plano terrestre quando estava vivo?

Se não fosse trágico, seria engraçado. Ao ler tantas demonstrações de amor e carinho, tive o desejo de conhecê-lo também, seria um perfil de amigo que eu gostaria de ter no meu ciclo de amizades por tudo que aqueles sofridos amigos postavam naquele momento de dor. Perdi a chance de ter um amigo do bem, e centenas de pessoas que escreveram na sua linha do tempo, perderam a chance de dizer o que escreveram quando ele ainda estava vivo.

Quisera Deus, que no outro plano espiritual tenhamos também acesso as informações, ver mesmo de longe o quanto somos amados, felizes e rodeado de pessoas que nos admiram. Eu, por muito tempo ao longo da minha vida, disse que ao morrer gostaria de ver quem ficaria aqui sofrendo, quem sentiria minha falta. Mas hoje, na mesma velocidade que o mundo avança, resolvi mudar meus desejos terrestres. Quero me sentir vivo e sendo vivo, quero sentir o que também sentem por mim. Quero dar abraços e receber. Quero beijos e retribuí-los. Quero amar e ser amado. Quero ser especial e conhecer pessoas ainda mais especiais além das que hoje tenho na minha vida. Quero poder escrever o que sinto pelos meus amigos e que isso sirva de marketing para que novas pessoas também admirarem quem eu admiro.

Que o mundo possa refletir sempre mais, evoluir sempre mais e querer sempre mais. Se for pra compartilharmos, que seja abrir diariamente umas duas ou três páginas no face dos amigos e dizer o quanto aquela pessoa significa pra ti hoje, ainda viva e não deixar para depois, quando a janela verde do bate papo não estiver mais acesa.

Na velocidade da tecnologia, a saudade pode ser diminuída, sabendo aproveitar de verdade e não substituir velhas ótimas maneiras por ferramentas novas ruins. O desafio tá lançado: é tempo de compartilhar amor, mesmo que neste momento seja na linha do tempo. Faça hoje sabendo que o amanhã talvez possa não chegar.

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